terça-feira, 9 de junho de 2009


OS INDIANOS

Ninguém é igual a ninguém, na maior democracia do mundo. A vida de cada indiano ŕ formada por doses desiguais de fé , machismo e uma hierarquia milenar baseada em castas. Para alguns, uma combinação definida já na hora do nascimento é imutável por toda a vida.
já na largada, as regras não são as mesmas pra todo mundo. Mal sai da barriga da mãe, e o bebê indiano já ganha um rótulo. Entra em uma das quatro castas de uma hierarquia social ditada pelo hinduísmo, que pela ordem tem os sacerdotes ou brâmanes, depois reis e guerreiros (xátrias), marcadores e produtores (vaixás) e servos (sudras).
É um esquema que divide o trabalho entre a sociedade e garante que sempre haja um grupo cuidando da religião, da organização política, do comércio e dos serviços.
Só que nem todo mundo se encaixa em algumas dessas castas. Os excluídos da hierarquia são os “intocáveis”, conhecidos como dalits. Não podia ter sobrado destino pior para eles: ficaram com as tarefas consideradas impuras, que ninguém mais faz, como limpar excrementos. Dalits são considerados tão sujos, mais tão sujos que ninguém de outra casta deve tocá-los. Não muito tempo atrás, até a sombra deles fazia qualquer brâmane sair correndo para não se contaminar.
Não há escapatória: como a casta esta ligada ao nascimento, subir ou descer um degrau na hierarquia é impossível. Na prática pelo menos, porque a teoria é outra: na década de 1950, a Índia declarou todos iguais perante a lei, e proibiu o termo “Intocável”. Mas lei é igual na Índia e no Brasil: tem as que pegam e tem as que não pegam. A das castas não pegou. Quase 60 anos depois, o sistema esta vivo. Tanto que muito católico e muçulmano adotou a ciranda das castas.
Em alguns lugares os dalits não podem coletar água nos mesmos poços dos brâmanes. Não podem freqüentar a mesma escola. Não podem entrar nos templos. Não podem cozinhar para os outros. Não são atendidos por médicos em hospitais. São rejeitados por barbeiros. São os únicos a ocupar os cargos da faxina, e não conseguem outros empregos além desses. Recebem no chão a comida que compram.
Nas cidades as casas são como casebres e nesses casebres vivem os dalits, já nas casas maiores, que mais parecem castelos vivem as pessoas da casta alta. Em Mumbai, a cidade mais rica da Índia, há bairros diferentes para castas diferentes, numa divisão informal. Nas comunidades de maioria brâmanes, existem prédios residenciais.


FAMILIA

No final do século XIX, os britânicos farejaram algo de estranho no perfil da população da Índia, então sobre seu domínio. Eles notaram que a proporção de mulheres para homens no país estava caindo, sem motivo aparente. Procuraram a explicação em doenças, nos dados da mortalidade, em um fenômeno mundial. Nada. Demorou até que eles entendessem o que vinha acontecendo. A população estava assassinando suas meninas.
Para os indianos aquilo não era um absurdo. O nascimento de um filho homem era e ainda é , um dons acontecimentos mais importantes para uma família do país. Um menino representa a continuidade de linguagem do clã e a garantia de sustento para os pais o futuro. Tudo o que uma menina não pode dar.
quando adulta, uma indiana se casa e deixa a família de origem. Sua identidade e seus bens ficam atrelados ao novo clã. E, além de tudo, seus pais tem de economizar dinheiro para dar o dote – uma série de presentes – à família do noivo. Diante disso tudo,muitas famílias simplesmente concluíram que não valia a pena investir na criação de uma menina para que outra família colhesse os lucros.
Os assassinatos são o retrato de como a vida de homens e mulheres são diferentes na Índia. Esse é definitivamente, um pais masculino. Ver mulheres nas ruas, especialmente a noite, pode ser coisa rara em muitas cidades e vilas do país. Elas geralmente ficam em casa, com a missão de cuidar das tarefas domésticas.
O desequilíbrio na proporção de homens e mulheres faz com que noivos sejam obrigados
a viajar para encontrar noivas em outras cidades e estados. Os que tem dinheiro compram uma pessoa, por um preço menor que o de um búfalo. Os que não tem, as vezes
seqüestram e levam para casa. Quem não tem dinheiro ou vocação para o crime divide uma única esposa com os irmãos. A garota compartilhada ganha quase o status de prostituta.
O dote esta disseminado por todas as castas e religiões da Índia. Mas algumas mulheres estão deixando essa pratica pra trás.
Quando o marido morre, uma hindu deve fazer votos de castidade, que inclui raspar a cabeça e usar vestes brancas. Muitas partem para as cidades sagradas pra o hinduísmo, principalmente Vrindavam, perto de Délhi. Lá as mulheres morram em viuvários. Nem todas buscam alento espiritual nas comunidades. Algumas são expulsas pelas famílias por não terem como contribuir com as despesas. Outras saem porque se sentem desprotegidas sem o marido.

CULTURA

Na religião não há um só Deus, há vários: Shiva é considerado um destruidor, porém indispensável para a criação do mundo; Ganesh, aquele com a cabeça de elefante, deus da boa sorte.
Monges Jainistas são muito conservadores, usam máscaras na boca, para evitar engolir algum inseto, ou andam com vassouras, para não pisar um uma barata.
Uma terceira dissidência do hinduísmo apareceu no século 15 – os sikhs. Eles acreditam que todos os seres são iguais. Fazem grandes refeições gratuitas em seus templos, mesmo para não adeptos. É fácil identifica-los nas ruas: eles usam turbantes para guardar os cabelos, porque não devem cortar qualquer pelo do corpo, como um símbolo de simplicidade. E, assim, isso inclui as mulheres.

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